O audiovisual brasileiro viu nascer dois filmes com temáticas muito próximas em um curto espaço de tempo: Partiu América e Dois é Demais em Orlando. Duas comédias em que famílias brasileiras realizam o sonho de viajar para os parques mais famosos dos Estados Unidos, vivendo ali situações típicas do gênero, marcadas por referências culturais, turismo e confusões familiares.
Sinopse
Partiu América
Matheus Ceará interpreta um pai nordestino dono de um pequeno parque de diversões no interior. Ao lado da esposa e dos dois filhos adolescentes, ele realiza o sonho coletivo da família: viajar para Orlando e finalmente conhecer a Disney. Entre perrengues e descobertas no exterior, a família vive situações típicas de turistas em busca de diversão, enquanto lida com desafios próprios e se depara com diferenças culturais.
Dois é Demais em Orlando
Na comédia protagonizada por Eduardo Sterblitch, um pai sonhador atravessa o desafio de levar seu filho aos cobiçados parques de Orlando. Enquanto estreitam laços e enfrentam pequenas crises típicas de férias em família, o filme acompanha suas aventuras e desventuras em solo americano, explorando situações cômicas tanto na preparação quanto durante a viagem.
A crítica
Apesar de partirem de premissas muito similares, Partiu América e Dois é Demais em Orlando oferecem experiências distintas. O filme da Netflix aposta diretamente no olhar do público acostumado ao humor televisivo popular. O carisma de Matheus Ceará sustenta boa parte da trama, e, embora Priscila Fantin acrescente energia ao elenco, as situações raramente vão além do previsível. O roteiro se ancora em arquétipos e piadas já testadas, agradando sobretudo quem já é fã do estilo do comediante. O resultado é seguro e confortável, mas com pouca ousadia.
Já Dois é Demais em Orlando explora o humor de forma um pouco menos caricatural e investe mais na relação entre pai e filho. Pedro Burgarelli ganha destaque em momentos de sensibilidade que fogem da simples repetição de gags. O filme carrega várias referências ao universo americano e apela para situações familiares do gênero. Ainda assim, ganha pontos pelo esforço em gerar conexão emocional e evitar exageros. O elenco de apoio conta com Luana Martau, Anderson di Rizzi e Polly Marinho. Eles funcionam no geral, mas permanecem no campo do previsível e funcional. Destaque para Polly, cuja personagem fica presa à função de suporte.
Ambos os longas mergulham em referências e clichês do cinema de viagem. Utilizam o cenário dos Estados Unidos não só como pano de fundo, mas também como motor de humor. A estética é globalizada, os roteiros são leves e pouco inovadores. A sensação final é de ter assistido a divertidos episódios de série, não grandes novidades do cinema nacional.
Impressão final
Duas comédias com destinos parecidos e resultados medianos: Partiu América entretém com simplicidade e carisma, mas não se arrisca; Dois é Demais em Orlando oferece um pouco mais de sensibilidade familiar, sem escapar do padrão. Ambas são opções para quem busca leveza, mas faltam novidade e ousadia.
Partiu, América: 2.5 de 5.0
Dois é Demais em Orlando: 3.0 de 5.0