Estreou no catálogo do Star+ no dia 25 de março a série “Desejos S.A.“, uma antologia brasileira escrita por José Alvarenga Jr., André Brandt, Martin Bustos e Horacio Convertini. A cada episódio a série nos traz um novo protagonista em uma situação limite desejando conseguir alguma coisa (seja ficar com alguém, unir um casal, descobrir alguma mentira ou até mesmo matar uma pessoa). Assim, o personagem se depara com um panfleto de uma estranha empresa chamada “Desejos S.A.”, que promete realizar os desejos de seus contratantes. Ao terem seus desejos realizados, os clientes precisam realizar uma contrapartida, ainda que contra seus princípios ou vontades. A série tem seis episódios, trazendo seis protagonistas diferentes.
A produção apresenta uma energia bucólica, como se aqueles personagens estivessem esgotados. A fotografia e a direção ajudam a apresentar ambientes frios, mergulhados nas intenções e nos desejos interiores de seus protagonistas. Ainda que não seja exatamente uma série de mistério ou de suspense, tais sensações estão ali, presentes, quase que a todo momento. Interessante notar também a ironia proposta pela produção. Há uma sagacidade nas “resoluções” dos problemas, uma espécie de humor no desenrolar de alguns conflitos e até mesmo na resolução deles. Não é, porém, uma série de comédia. Está mais para um “rir da desgraça”.
Embora haja uma certa ligação entre os episódios (a contrapartida de um personagem está ligada ao desejo de outro), não é preciso assistir a todos para entender a trama. Cada episódio possui um início, meio e fim, encerrando o seu plot. Há, é verdade, alguns episódios mais interessantes que outros – como o 1, 3 e 4 -, mas a série se apresenta bastante uniforme em sua qualidade.
As atuações também são pontos positivos, sobretudo nas escolhas dos seis protagonistas Alejandro Claveaux, Gilda Nomacce, Carol Castro, Isabela Santos, Fábio Herford e Patrícia Gasppar. Eles conseguem prender a atenção em seus episódios, mostrando tipos interessantes e até mesmo divertidos de ver em cena.
A série, que traz uma áurea “Black Mirror” sem a parte da tecnologia, é uma das surpresas da Star+ deste ano. Com destaque principalmente ao roteiro, a produção – curtinha, com 6 episódios de menos de 40 minutos – é uma ótima recomendação. Que venham futuras temporadas!
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