Chegou ao catálogo do Star+ em 25 de março a série Desejos S.A., aposta nacional que une suspense, humor ácido e dilemas éticos em uma antologia de seis episódios independentes. Criada por José Alvarenga Jr., André Brandt, Martin Bustos e Horacio Convertini, a produção já chama atenção pela estrutura pouco convencional no cenário audiovisual brasileiro.
Sinopse
Em Desejos S.A., cada episódio apresenta um protagonista enfrentando uma situação-limite. Pode ser o desejo de conquistar alguém, descobrir uma mentira, se vingar ou até matar uma pessoa. Em meio ao caos, surge o panfleto de uma empresa misteriosa que promete realizar qualquer desejo. O preço? Uma contrapartida obrigatória, nem sempre ética ou aceitável. A série explora os limites morais das escolhas humanas, usando seis episódios para contar histórias fechadas, envolventes e provocativas.
A crítica
Logo nos primeiros episódios, Desejos S.A. já prende a atenção com seu clima introspectivo. Desde o início, há uma energia melancólica nos personagens, refletida também na direção de arte e na fotografia. Além disso, os cenários são frios e os quadros, silenciosos, o que contribui para reforçar o tom psicológico das tramas. Dessa forma, essa ambientação ajuda a aprofundar os conflitos internos dos protagonistas.
Por outro lado, ainda que a série não se defina explicitamente como suspense, a tensão está quase sempre presente. Assim, há uma inquietação constante, mesmo nos episódios mais leves. Além disso, a produção acerta ao usar a ironia como elemento narrativo, o que acrescenta camadas interessantes à história. Muitas vezes, as resoluções beiram o trágico, mas permitem ao espectador rir — ainda que de nervoso ou vergonha alheia. Ou seja, não se trata de uma comédia tradicional, mas sim de um humor ácido e tragicômico.
Não por acaso, a comparação com Black Mirror é inevitável. Afinal, ambas são antologias com episódios independentes e dilemas extremos. No entanto, aqui, em vez do foco na tecnologia, a atenção se volta aos desejos humanos e às consequências sociais. Dessa maneira, Desejos S.A. retrata pessoas comuns vivendo situações moralmente perturbadoras.
Adicionalmente, a ligação entre os episódios é sutil e interessante. Em muitos casos, a contrapartida exigida de um personagem pode acabar afetando diretamente o desejo de outro. Ainda assim, cada capítulo funciona de forma isolada, o que facilita para quem deseja assistir fora de ordem, sem prejuízo à compreensão. Por exemplo, episódios como o 1, o 3 e o 4 se destacam pelo equilíbrio entre humor, tensão e crítica social.
No que se refere às interpretações, o elenco é um dos trunfos da série. Alejandro Claveaux, Gilda Nomacce, Carol Castro, Isabela Santos, Fábio Herford e Patrícia Gasppar seguram bem seus episódios, mostrando versatilidade e carisma. Com efeito, cada um transmite personalidade e camadas suficientes para manter o interesse do público ao longo da narrativa. Mesmo em tramas mais simples, as atuações valorizam o texto e trazem frescor à experiência.
Por fim, graças à curta duração de cada episódio – menos de 40 minutos -, a série é eficiente e direta, tornando-se fácil de maratonar. Ao final, fica a sensação de que esse tipo de formato ainda pode render bastante no streaming nacional. Portanto, Desejos S.A. abre espaço para novas temporadas com potencial de sobra.
Impressão final
Desejos S.A. transforma dilemas morais em entretenimento de qualidade, com atuações sólidas e roteiros instigantes. Bom exemplo de criatividade nacional no streaming.
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