Após o sucesso de A Sogra que te Pariu, Rodrigo Sant’Anna aposta em mais uma produção para a Netflix: Ponto Final chegou à plataforma em 17 de janeiro, prometendo explorar comédia e cotidiano em novo formato. Logo de cara, o público percebe semelhanças com o projeto anterior, especialmente pelo tom leve, pela agilidade da narrativa e pelo cenário, centrado nos desafios diários de trabalhadores comuns. Com uma estrutura que valoriza o humor de identificação, a série tenta divertir sem complicação, mas levanta dúvidas sobre a capacidade de inovar em meio a tantas fórmulas já exploradas pelo próprio criador.
Sinopse
Ponto Final acompanha Ivan, interpretado por Rodrigo Sant’Anna, um motorista de van clandestina, e Sandra, vivida por Roberta Rodrigues, motorista de ônibus e ex-mulher de Ivan. Apesar do divórcio, os dois permanecem obrigados a dividir o mesmo lar, enfrentando desafios profissionais e domésticos enquanto convivem em meio ao vaivém caótico de um terminal rodoviário carioca. Com episódios curtos, a série explora conflitos familiares, diferenças de perfil e, principalmente, o enfrentamento do dia a dia sob a ótica do humor popular.

A crítica
Desde os primeiros minutos, Ponto Final deixa claro a que veio. O humor segue o estilo já consagrado em outras parcerias de Rodrigo Sant’Anna: piadas rápidas, situações facilmente reconhecíveis pelo público mais popular e uma linguagem direta. Ao focar em temas do cotidiano, a série aposta no exagero e na caricatura de certos comportamentos, o que certamente atrai fãs do gênero.
No entanto, apesar dessas virtudes, rapidamente surge o risco de desgaste. Assim como em A Sogra que te Pariu, a fórmula se repete, sem trazer grandes novidades ao universo do humor nacional. Por exemplo, várias cenas dependem de tiradas cômicas ágeis, mas deixam relações e personagens pouco desenvolvidos. Ainda que a produção seja eficiente em divertir, poderia ousar mais, principalmente ao explorar contextos urbanos tão ricos como o terminal rodoviário carioca.
O questionamento sobre a necessidade de lançar Ponto Final em vez de renovar A Sogra que te Pariu é inevitável. Isso ocorre porque ambas as séries entregam tipos, dinâmicas e padrões de humor muito semelhantes. Assim, parece que a Netflix evita narrativas longas ou desenvolvimento mais profundo, diferentemente do que acontecia na Globoplay com as produções anteriores do mesmo criador. Entretanto, apenas o tempo mostrará se Ponto Final conquistará vida longa e arcos realmente novos.
Quanto ao elenco, Roberta Rodrigues se mostra um grande acerto. Ela consegue equilibrar carisma cômico e traços humanos, impedindo que sua personagem se torne apenas uma caricatura. A dinâmica entre Sandra e Ivan também demonstra potencial para crescer, abrindo espaço para novos conflitos além do lugar-comum. Por outro lado, o núcleo do filho, destaque em outras produções de Rodrigo Sant’Anna, repete piadas e acaba cansando em alguns episódios. Mesmo assim, a inclusão da namorada do personagem abre caminhos mais interessantes para a trama, mantendo o interesse do espectador em possíveis novas temporadas.
Por fim, vale destacar que Ponto Final entrega exatamente o que promete: um entretenimento direto, acessível e perfeito para maratonar sem grandes expectativas ou cobranças por inovação. A leveza permanece como marca registrada da série. Ainda assim, um pouco mais de ousadia poderia transformar toda a experiência em algo mais memorável.
Impressão Final
Ponto Final diverte, valoriza situações reais e entrega atuações carismáticas, mesmo que repita fórmulas. Falta certa novidade, mas garante entretenimento rápido e honesto.
Nota: 3/5