“Meu Sangue Ferve Por Você” aposta na extravagância de Sidney Magal

Filme "Meu sangue ferve por você"

Lançado em maio deste ano, o filme “Meu Sangue Ferve Por Você” apresenta uma proposta ligeiramente diferente, se comparado com outros filmes do gênero. Enquanto filmes como “Minha fama de mau“, “Simonal” e “Tim Maia” focam na construção de seus respectivos ídolos – da juventude ao estrelato -, em “Meu Sangue Ferve por Você” somos apresentados a um Sidney Magal já no auge de sua popularidade. O longa pouco menciona, seja em flashback ou citação, o caminho que Magal percorreu até que chegasse ali.

O foco do filme dirigido por Paulo Machline é outro: a construção do romance entre Magal e Magali (casal que, aliás, permanece junto na vida real até hoje). Magali, a pretendente de Magal, ganha ares de protagonista e o romance é calcado no desenvolvimento do namoro dos dois, com a carreira de Magal posta em segundo plano. Há conflitos profissionais, é verdade, sobretudo na relação entre o ídolo e seu empresário, mas não é essa a proposta do filme.

Outra diferença proposta pelo longa diz respeito à linguagem. Há um flerte com a linguagem dos filmes musicais norte-americanos com estéticas inspiradas na Broadway. A linguagem visual de Magal, espetacular no sentido mais literal da palavra, muito contribui com isso. Interessante notar que a forma como a música se apresenta é bastante diferente da proposta dos outros filmes biográficos supracitados. Apesar de parecer um caminho natural (visto serem biografias de cantores), isso não é comum em nosso cinema. Nos outros exemplos, a música é utilizada de maneira realista, diegética. Em Magal, há diferenças. Apesar de poucos, alguns números suspendem a realidade, agregando ao filme um destaque pela originalidade no flerte com a linguagem.

Quanto ao elenco, Filipe Bragança entrega ótima performance corporal e vocal, embora a composição de seu personagem nos apresente um Magal mas ingênuo e até juvenil se comparado ao viril e sexy Magal dos anos 1970/1980. Não que não haja sensualidade em Bragança – há bastante, mas em um registro diferente, mais romântico. Giovana Cordeiro traz leveza à Magali. Típica heroína romântica, a atriz possui química com Filipe e protagoniza o longa ao seu lado com eficiência. É de Caco Ciocler um dos melhores números do filme. Versátil, ele apresenta uma performance bastante diferente do comum. Emanuelle Araújo, infelizmente, é subaproveitada, ainda que a cena pós-crédito amenize um pouco seu desperdício. Sidney Santiago apresenta bons momentos assim como Sol Menezzes e Pablo Morais, que embora levemente maniqueístas, fazem um bom contraponto ao casal principal.

O saldo é positivo, tanto a direção geral, quanto a direção de arte e figurinos capturam bem a visualidade extravagante de Magal e sabem se aproveitar disso. Unidos à direção de fotografia, trazem a áurea espetacular que Magal merece, sem perder a leveza e a magia de uma ótima história de amor que já dura tantos anos.

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