Crítica: “Desjuntados” é sensível, ágil, bem produzida e (levemente) engraçada

Desjuntados

Nada melhor que comédias românticas para se distrair e se apaixonar por histórias leves e divertidas em tempos tão pesados, não é? Desjuntados, a série da Prime Video que estreou em 1º de outubro, cumpre bem essa proposta. Não tendo grandes pretensões, os sete episódios da trama criam um universo aconchegante e nos levam para dentro do relacionamento do casal protagonista. Ou melhor, do fim do relacionamento, no caso.

 

Sinopse

Desjuntados acompanha o casal Camila (Letícia Lima) e Caco (Gabriel Godoy), que decide se divorciar após a crise dos sete anos de casamento. No entanto, por motivos financeiros, eles continuam dividindo o mesmo apartamento de alto padrão na Barra da Tijuca, já que não conseguem desfazer-se do imóvel caro que ainda pagam juntos. Nesse cenário inusitado, ambos precisam lidar com suas diferenças, novos interesses amorosos, amigos que interferem em suas vidas e situações constrangedoras dentro do condomínio sofisticado onde vivem. Ao longo dos episódios, a série mistura humor, romance e muitos conflitos cotidianos, resultando em uma jornada repleta de identificação e leveza para o público.

 

Gabriel Godoy, Letícia Lima e Rômulo Arantes Neto em “Desjuntados”

 

A crítica

É pertinente questionar se a identificação quase instantânea do público se deve ao uso consciente de clichês clássicos das comédias românticas americanas. Entretanto, mesmo que isso aconteça, não se pode negar o mérito e a qualidade da produção brasileira. Afinal, a força destes filmes está justamente nos clichês, que dialogam com as idealizações românticas do espectador. Dessa forma, em Desjuntados o clichê não é problema, mas sim solução. Aliás, o pontapé inicial da série difere do padrão do gênero: ao invés de acompanhar o surgimento do interesse romântico, o roteiro já começa pelo fim, colocando o casal tentando se separar.

O conflito central é simples: Camila e Caco decidem terminar, mas seguem morando juntos no mesmo apartamento por imposição financeira. O desenrolar parte desse incômodo, trazendo novos interesses românticos (vividos por Rômulo Arantes Neto e Virgínia Cavendish), além de amigos participativos (Danni Suzuki e Yuri Marçal) e vizinhos curiosos, especialmente a síndica (Letícia Isnard) e seu marido (Marcelo Laham).

Embora Desjuntados e Toma Lá Da Cá pertençam a subgêneros diferentes, ambas exploram o impacto da ascensão da nova classe média para um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. A sátira na convivência, os desdobramentos financeiros e o desconforto entre os protagonistas são temas comuns às duas tramas, ainda que tratados de formas distintas: uma como sitcom, outra como comédia romântica contida.

 

Letícia Lima e Gabriel Godoy em “Desjuntados”

 

No entanto, Desjuntados apresenta certa carência no aprofundamento do universo do condomínio e dos vizinhos. Isso não chega a comprometer, mas é um elemento que poderia ampliar o alcance humorístico da série. Bons exemplos são as participações de Letícia Isnard e Marcelo Laham, que desaparecem na segunda metade, e o personagem Esquilo (Mateus Macena), cujas cenas mudas e bem coordenadas com a música-tema do prédio criam um charme próprio.

O entrosamento de Letícia Lima e Gabriel Godoy funciona muito bem em cena. Tanto a produção técnica quanto a artística são de ótima qualidade. Destacam-se a direção precisa, a montagem ágil, as escolhas de cores e a direção de arte que, mesmo contidas, ajudam a criar uma atmosfera própria para a série.

Crítica detalhada de Desjuntados

A relação confusa de Camila e Caco e o final da temporada deixam espaço aberto para uma continuação. Embora estejam se divorciando, é visível o carinho mútuo. Por isso torcemos por uma reconciliação ao mesmo tempo que aceitamos o fim, se ele vier. Ágil, sensível, apaixonante, bem produzida e levemente divertida, Desjuntados é, sem dúvida, uma excelente opção de entretenimento nacional leve e bem feito.

 

Rômulo Arantes Neto em “Desjuntados”

 

Impressão Final

Desjuntados entrega o que promete: diversão, leveza e personagens cativantes em meio ao caos moderno do amor e da convivência. Com espaço para aprofundar secundários e expandir o universo do condomínio, acerta ao transformar o clichê em trunfo e mostra maturidade na comédia romântica nacional.

Nota: 4 de 5

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