A terceira temporada de Rensga Hits! estreou recentemente no Globoplay, consolidando-se como um destaque na onda de séries musicais brasileiras desde 2022. A produção retorna com oito episódios inéditos, mantendo o dinamismo e a energia das temporadas anteriores. Confira, nesta crítica, uma análise detalhada do Nosso Drama sobre a nova fase de Rensga Hits!.
Sinopse
Na terceira temporada de Rensga Hits!, as irmãs Gláucia e Raissa precisam lidar com a inesperada perda do pai, Guarariba. Juntas, elas enfrentam conflitos pessoais e questões burocráticas quanto ao futuro da gravadora da família. Em meio a disputas internas, oportunidades e desafios no mundo da música sertaneja, elas se colocam diante de escolhas e dilemas que redefinem suas trajetórias. Novos personagens surgem e provocam reviravoltas, enquanto as protagonistas buscam superar o luto e consolidar o legado de Guarariba no competitivo cenário musical brasileiro.
A crítica
O ano de 2022 marcou o auge das séries musicais no Brasil. Todos os maiores serviços de streaming lançaram produções brasileiras nesse gênero: a Netflix trouxe Só Se For Por Amor, o Disney+ apostou em O Coro, e a Globoplay apresentou Rensga Hits!. No ano seguinte, a HBO lançou Use Sua Voz e a Globoplay investiu em Vicky e a Musa. Dentre todas elas, Rensga Hits! foi a única a alcançar a terceira temporada. Afinal, será que faltou interesse do público ou dos próprios serviços em dar continuidade a esse gênero?
Infelizmente, é preciso dizer que um pouco das duas coisas. No entanto, o segundo motivo tem um peso maior. É nítido que essas produções não foram um sucesso estrondoso de audiência, não entregando o que os streamings esperavam. Mas parte disso é culpa dos próprios serviços, que muitas vezes divulgam as produções brasileiras de forma precária.

A terceira temporada se inicia com o falecimento do pai de Glaucia e Raíssa (Lorena Comparato e Alice Wegmann), direcionando a trama para questões burocráticas da gravadora e os desdobramentos emocionais das filhas. No entanto, focando mais nas questões da empresa, a série acaba perdendo a oportunidade de aprofundar o relacionamento das irmãs após a perda. As atrizes, excelentes na comédia, sempre mostraram bom desempenho dramático, que poderia ter sido mais explorado na relação entre Raíssa e Glaucia. Não que isso não tenha acontecido – A fragilidade de Gláucia é recorrente em quase todos os episódios. Mas a série poderia ter aprofundado mais o papel de Raíssa em tudo isso, a relação entre as irmãs, o luto, a superação e a sensação de estarem sozinhas. A fórmula de “irmãs que se amam versus se odeiam” está prestes a se esgotar, e as personagens têm potencial para ir além.
O relacionamento de Kevin (Samuel de Assis) e Deivid (Alejandro Claveaux) também poderia ter tido mais nuances. A impressão é que o término deles na temporada anterior foi apenas um gancho, visto que, nesta temporada, isso é resolvido de maneira simplificada. Não há muitas consequências significativas. Por outro lado, Enzzo Gabriel (Maurício Destri) e Luane (Júlia Gomes) continuam entregando um bom casal de vilões. Eles funcionam como um contraponto ao grupo principal sem soar caricatos. Já Letícia Lima e Mouhammed Harfouch ficam no “quase”. Ambos têm pouco tempo de tela, sem grandes crescimentos. Thamyres (Jeniffer Dias), por sua vez, ganha um enredo independente e cresce na temporada.
Em geral, a série conseguiu criar uma constelação de personagens interessantes e com “caldo” para movimentar as temporadas. Claro que uma ou outra participação especial ou acréscimo de elenco sempre é bem-vindo, mas o atual time da produção – que é ótimo, aliás – já daria conta de novas temporadas sem precisar de reforços. Nem mesmo a ausência de Deborah Secco e Fabiana Karla foi sentida nesta temporada, graças ao – muito bem-vindo – episódio especial em que participam. Episódios assim, de “fuga” ou “temáticos”, são uma delícia de assistir neste tipo de série.
As músicas continuam sendo um diferencial que muito acrescenta à produção. Os atores cantam bem, as canções são bem contextualizadas e bem produzidas – tanto as versões de canções já existentes quanto as sete músicas originais. Nesta temporada, o destaque vai para as músicas originais “Condição/Bagunça”, “Fogueteira”, “Brasileño/Tamanho do Mundo” e “Nem Precisa Me Atender!”. Todas – já disponíveis no Spotify, aliás – poderiam facilmente dominar as paradas do sertanejo universitário brasileiro.
Em suma, Rensga Hits! demonstra fôlego para uma quarta temporada. Os oito episódios da série passam de maneira leve e com uma boa crescente para o encerramento. Caso tenha uma nova temporada, fica o desejo para que seus personagens, já com identidades bem definidas, ganhem mais camadas e histórias pessoais.
Impressão Final
Rensga Hits! entrega uma terceira temporada consistente, mantendo o dinamismo e a qualidade das canções que a tornaram um sucesso. A série conserva o fôlego e consolida seu elenco, que pode ser ainda mais explorado em futuras temporadas.
Rensga Hits! (3ª temporada): 3.5 de 5