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Crítica | Filme “Apaixonada”, protagonizado por Giovanna Antonelli

A escolha para a entrada do filme “Apaixonada” no catálogo da Netflix foi bastante sugestiva: 12 de junho, dia dos namorados. Mas se engana quem acha que o longa-metragem protagonizado por Giovanna Antonelli é a comédia romântica ideal para assistir com o mozão neste dia especial.

O filme começa com uma premissa interessante e bem exposta: Bia (Giovanna Antonelli) acaba de terminar o seu casamento com Alfredo (Danton Mello) e, aproveitando que a filha (Rayssa Bratillieri) foi morar um tempo na Argentina, Bia aproveita o momento para tentar se reencontrar. A partir daí, porém, os caminhos escolhidos pelo roteiro se tornam cada vez mais confusos.

Após passar a noite com um rapaz aleatório (amigo do amigo do amigo de Bia, com um tempo de tela até razoável para um personagem com pouca importância), Bia conhece Pablo (Rodrigo Simas) em um carrinho de sorvetes e se interessa por ele. Eles têm um encontro fofo e logo o espectador é levado a entender sobre o que será o filme: Bia redescobrindo o amor e se dividindo entre Pablo e Alfredo. Esta não é uma conclusão tirada arbitrariamente. O pôster do filme também nos leva a tal entendimento. Mas não é sobre isso.

Aliás, este é o grande problema do longa-metragem. Ele sugere o caminho pelo qual vai seguir, mas se desvia de maneira mal construída. A todo momento você sente que o conflito principal vai se estabelecer e que tal situação será aprofundada, mas ela logo é descartada. As construções propostas parecem não servir para nada. Nada acrescenta. O breve relacionamento com o jovem Pablo, por exemplo, é descartado sem qualquer explicação e, para piorar, o personagem retorna ao longo do filme como amigo dos amigos de Bia de uma maneira totalmente mal explicada e como se nada tivesse acontecido.

Bia viaja para a Argentina também sem qualquer motivação explicada anteriormente. O plot com Pablo (que é vendido como coprotagonista e que estava sendo desenvolvido) é simplesmente interrompido e preterido por este. Na Argentina, somos apresentados a um conflito entre mãe e filha que sequer tinha sido mencionado ou sugerido anteriormente. A discussão entre Bia e Júlia é totalmente gratuita.

A fase final do filme é uma sucessão de situações superficiais e mal explicadas: Pablo se tornando amigo dos colegas de Bia (ambos sem qualquer desenvolvimento próprio, aliás) e a paixão (mal resolvida) de ambos sendo simplesmente apagada; a filha voltando pra casa e levando o argentino pra debaixo do teto de Bia, sem qualquer explicação ou constrangimento; e, por fim, o ex também dormindo ali na mesma casa, sem qualquer conflito em relação a isso.

Faltando dez minutos para o fim do filme e o espectador se pergunta: afinal, eu torço pelo que? Afinal, o filme é sobre o quê? Apenas nos três minutos finais descobrimos a verdadeira intenção da produção.

A conclusão e a mensagem a ser passada com o encerramento da personagem – ainda que com o clichê da música final para deixar claro o tema do filme – é plausível. Mas para uma comédia romântica com este título, este pôster e incluída no catalogo do serviço nesta data, é um pouco, digamos, frustrante. Isto piora quando as situações ali expostas são mal contextualizadas. Em suma, não é exatamente sobre a temática do filme – que pode ser uma frustração criada por expectativas, mas sim sobre a forma como tal temática é desenvolvida. Talvez a experiência com o livro no qual o filme foi baseado seja mais interessante. Lá, quem sabe, entendamos melhor o desenvolvimento da personagem.

Apesar disso, o longa-metragem tem um ou outro momento divertido, sobretudo em sua primeira metade. As locações e o trabalho da direção de arte e direção de fotografia também merecem ser elogiados. Em muitos momentos, eles cumprem a proposta com sofisticação e leveza. Destaques também para o trabalho de Giovanna Antonelli, que além de linda, convence em todas as situações propostas para a personagem; e para a sensível e bonita participação especial de Jonas Bloch.

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