Mesmo com a premissa popular do “ninguém é de ninguém”, o carnaval pode ser palco de histórias de amor intensas. Em Apaixonados – O Filme (2016), o diretor Paulo Fontenelle apresenta três romances interligados por um mesmo evento: o carnaval no Rio de Janeiro. Romance, festa, comédia e uma pitada de crítica social permeiam o longa. Contudo, o resultado final acaba se aproximando mais da ressaca da quarta-feira de cinzas. Nesta crítica, vamos analisar os pontos fortes e as limitações da produção.
Sinopse
Apaixonados – O Filme acompanha três histórias de amor que se desenrolam durante o carnaval carioca. Os personagens vivem romances distintos, cujas tramas se cruzam na festa popular que celebra a cultura brasileira. Entre encontros e desencontros, o filme explora diferentes faces do amor, somando momentos divertidos e emocionantes no cenário vibrante do carnaval.

A crítica
A primeira referência que vem à mente ao assistir Apaixonados – O Filme (2016) é a estrutura de filmes como Idas e Vindas do Amor (2010) e Noite de Ano Novo (2011). Assim como nessas obras, um evento popular reúne personagens em situações diversas, sem um protagonista central. Essa escolha resulta em histórias que, embora acertem em algumas passagens, não se desenvolvem completamente em outras.
Quanto à ambientação, o filme acerta ao focar no carnaval brasileiro, um tema tão cultuado, mas pouco explorado nas telas nacionais. As cenas refletem a energia caótica e festiva desse momento, transmitindo sensações reais e divertidas. Entretanto, as construções dos casais deixam a desejar. Elas soam cansativas e superficiais, sem despertar o interesse que poderiam provocar.
O casal interpretado por Nanda Costa e Raphael Viana traz uma trama simples, indo de um encontro casual romântico a diversos desencontros. Dado que compartilham o protagonismo com outros casais, suas histórias não ganham profundidade. A personagem de Nanda é centro de um conflito desinteressante, enquanto o personagem de Raphael carece de carisma. Parece que essa história poderia caber perfeitamente em um curta-metragem.

Já Roberta Rodrigues e João Baldasserini vivem o clássico conflito social entre uma jovem da favela e um rapaz rico. Embora não traga originalidade – tudo começa e termina como o espectador espera -, essa trama é a mais satisfatória graças ao carisma dos atores, que sustentam a narrativa com naturalidade.
Por fim, a história do casal de Evelyn Castro a Danilo de Moura, aposta nos estereótipos. A princípio, tem graça, mas acaba se tornando uma sucessão de esquetes cômicas. Mesmo com o esforço da dupla, o romance fica em segundo plano, perdendo força.
Em produções com elencos numerosos, é comum encontrar atores subaproveitados. Aqui, são casos de Dhu Moraes, Zezeh Barbosa, Renato Góes e Nando Cunha, cujos talentos ficam pouco evidentes.
A direção contribui para a sensação de excesso de clichês. Ela guia dramaticamente cada emoção sem deixar espaço para a imaginação do espectador. Um exemplo é o foco nas mãos trêmulas para expressar desconforto. Tudo é apresentado de forma mastigada, fácil e superficial.
No geral, Apaixonados – O Filme funciona principalmente pela ideia e pela ambientação. Algumas situações engraçadas e momentos em que o romance até funciona aparecem. O longa consegue despertar uma boa identificação nacional, embora pudesse explorar muito mais seu potencial.
Impressão Final
Apaixonados – O Filme se apoiou em uma proposta interessante em meio a uma exuberante cidade, mas não conseguiu desenvolver bem suas histórias. A temática brilha em alguns momentos, mas há limitações claras na construção dos personagens.
Apaixonados – O Filme: 2.0 de 5