Crítica: Biônicos – uma ficção científica com potencial desperdiçado

Quando assisti ao trailer de Biônicos pela primeira vez, criei bastante expectativa. Ficção científica não é um gênero muito comum no Brasil, ainda mais nesse estilo – distopias, com personagens próximos de mutações/super-heróis e efeitos visuais elaborados. Por isso, o lançamento de Biônicos na Netflix, dirigido por Afonso Poyart, rapidamente chamou atenção e dividiu opiniões. Afinal, Biônicos é realmente um bom filme?

 

Sinopse

Em um futuro próximo, Biônicos apresenta um Brasil tomado pela tecnologia e pelas próteses avançadas, especialmente no esporte. A trama acompanha as irmãs Maria e Gabi, que se veem em lados opostos diante de uma sociedade dividida entre pessoas comuns e atletas aprimorados por membros biônicos. O filme explora como o avanço tecnológico não só transforma a competição, mas também as relações familiares, a ética e a própria identidade daqueles que buscam ir além dos limites humanos.

 

Gabz, Bruno Gagliasso e Christian Malheiros em material promocional de “Biônicos”

 

A crítica

Antes de mais nada, é preciso dizer que projetos como Biônicos sempre são bem-vindos no mercado cinematográfico brasileiro. Não porque comédias ou dramas sociais dominem nosso mercado, mas porque projetos ousados mostram como o cinema nacional tem potencial para experimentar — e ser bem-sucedido — fora da sua zona de conforto. Obras desse tipo ampliam o público, movimentam o mercado, criam competitividade e contribuem para romper um estigma preconceituoso. No entanto, se como ideia Biônicos merece todos os aplausos, na execução o filme apresenta algumas decepções.

Já no início do longa-metragem, percebe-se o principal erro que uma distopia pode cometer: a falta de credibilidade naquele novo mundo. Estabelecer que a trama se passa em 2035 (um futuro “logo ali”) e apresentar um universo tão diferente, com argumentação frágil, empobrece a experiência de imersão. O crescimento dos “biônicos” é um ponto interessante, mas era mesmo necessário acabar com os esportes comuns, e de maneira tão rápida? Pior ainda é a falta de aprofundamento dessa discussão, que poderia ser um dos pontos mais promissores do filme. Olympo, série da Netflix, por exemplo, propõe debates muito mais instigantes sobre o futuro do esporte.

 

Jéssica Córes e Gabz em cena de “Biônicos”

 

Maria (Jéssica Córes) é uma anti-heroína com um conflito pessoal bem definido, mas seu desenvolvimento é confuso. O discurso sobre sua motivação parece plausível; contudo, na prática, não vai além da inveja em relação à irmã Gabi (Gabz). A cena de embate entre as duas, durante a competição, não transmite emoção, pois se resume a uma disputa de egos, sem profundidade.

Crítica detalhada de Biônicos

Aliás, a falta de aprofundamento está em todo o roteiro. Temas relevantes, como o abandono dos esportes tradicionais, o desejo de pessoas em mutilar seus corpos para se tornarem biônicas, a mudança da percepção social sobre quem usa próteses e até a criminalidade ligada à tecnologia, aparecem apenas de passagem, sem desenvolvimento real. Além disso, as mudanças de direção na narrativa ocorrem de forma brusca e sem explicação, reforçando a impressão de que o filme foi montado a partir de um compilado de episódios de série, nos quais a primeira metade de cada episódio foi removida.

Por outro lado, a produção, cenografia, ambientação e efeitos visuais de Biônicos são competentes. Os efeitos de CGI têm qualidade e enriquecem a experiência. A direção de arte aposta em uma estética cyberpunk que, mesmo exagerada para um futuro tão próximo, cria uma atmosfera alinhada à proposta do filme.

Afonso Poyart faz o possível na direção e, em alguns momentos, consegue disfarçar as falhas do roteiro. A fotografia não ousa tanto quanto poderia, mas contribui com a narrativa. Nenhum ator realmente se destaca: Gabz e Christian Malheiros demonstram menos do que já apresentaram em outros trabalhos, limitados pelos diálogos e pelas construções rasas.

De modo geral, assistir a Biônicos com um olhar mais adolescente, em busca de algo leve como um filme de Sessão da Tarde, pode ser interessante. O longa entrega tudo o que um blockbuster distópico estrangeiro propõe – sendo até melhor do que alguns. Entretanto, quem espera desenvolvimento consistente ou discussões aprofundadas pode se sentir frustrado.

Estas pequenas adaptações deixaram o texto mais coeso e polido, mantendo sua identidade e todas as ideias originais. Se precisar de algo ainda mais sucinto ou com foco em frases ainda mais objetivas, posso ajustar conforme sua preferência.

 

Impressão Final

Biônicos inova ao investir em ficção científica e impressiona visualmente, mas falha na construção do roteiro e no desenvolvimento de personagens. O filme agrada como entretenimento imediato, mas deixa a desejar em profundidade.

Nota: 3 de 5

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