Crítica: Elenco de “Justiça 2” brilha, mas se esbarra em roteiro limitado

O retorno de Justiça ao Globoplay era um dos eventos mais aguardados da dramaturgia nacional em 2024. Com 28 episódios, Justiça 2 ampliou seu universo dramático e apresentou uma safra de atuações promissoras, embora repita fórmulas, abuse de clichês e aposte em soluções que, por vezes, enfraquecem o impacto emocional da história.

 

Sinopse

A segunda temporada acompanha novos personagens em histórias paralelas de crimes, injustiças e dilemas morais. Ambientada em Brasília, a trama explora as consequências de escolhas difíceis sob diferentes perspectivas, conectando dramas pessoais a discussões sociais mais amplas.

 

 

A crítica

Embora as atuações sigam sendo o maior destaque de Justiça 2, nem sempre o roteiro acompanha essa força. A impressão que fica é de uma dramaturgia potente, mas que se prende a arquétipos muito fáceis: ou vemos personagens inteiramente vilanescos, ou mocinhos excessivamente idealizados, dificultando nuances e tornando o resultado previsível em vários momentos.

Alice Wegmann vive Carolina com uma entrega intensa, marcando os melhores momentos dramáticos da temporada – sobretudo na cena em que revela seu trauma à mãe, misturando tensão e emoção. É uma atuação que potencializa um arco pouco inovador narrativamente, mas ainda assim marcante. Belize Pombal surge como força magnética: Geíza se destaca não só pela trama bem costurada, mas pelo carisma da atriz ao trazer camadas e verdade à sua personagem. Leandra Leal retorna como Kellen e se diverte ao explorar, de forma carismática, o lado cômico da personagem, mesmo sem grandes novidades no roteiro.

 

 

Entre os demais, Juliana Xavier cresce de participação secundária para peça central em vários núcleos. Maria Padilha, em aparição breve, revela domínio dramático nos poucos momentos em cena. Murilo Benício constroi um personagem que funciona como ótimo contraponto à personagem de Wegmann. Marco Ricca, como Nestor, compõe um vilão eficiente, ainda que o texto, ao longo da temporada, opte por caricaturas em vez de nuances.

Mas o maior obstáculo de Justiça 2 não está nas atuações: é o cansaço narrativo. O excesso de episódios expõe soluções apressadas, repetições temáticas e tramas que se alongam para além do necessário. Faltam surpresas e complexidade, e sobra uma sensação de que a série prefere seguir códigos já comprovados do que arriscar novas formas de abordar o tema central. O talento do elenco sustenta o envolvimento do público até o fim, mesmo quando há queda no ritmo, leve perda de originalidade e momentos de previsibilidade.

 

Impressão final

Justiça 2 é marcada pela força de suas intérpretes e pelo talento do elenco. Conquista por sua relevância temática e inquieta pelas limitações do texto. Entretém, provoca e deixa aberta a esperança de uma próxima temporada mais arriscada criativamente.

Justiça 2: 3.0 de 5.0

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