Crítica: Segunda temporada de “Os Outros” não empolga e passa despercebida

Série Os Outros

A série Os Outros retorna ao Globoplay com sua segunda temporada, apostando novamente no formato antológico para explorar os conflitos intensos entre vizinhos. Com novos personagens e cenários, a produção tenta manter o impacto dramático que marcou seu ano de estreia.

 

Sinopse

Na nova temporada, Os Outros se passa em um condomínio de casas de luxo e gira em torno do comportamento dos moradores diante de divergências no convívio social. Um condomínio se transforma em campo de batalha com o surgimento de mentiras, suspeitas e violência. Os moradores, que deveriam ser vizinhos pacíficos, descobrem que o medo e o desejo de vingança podem aproximá-los mais do que gostariam.

 

A crítica

A série segue interessante ao escolher a vizinhança como ponto de partida para refletir sobre intolerâncias cotidianas, mas derrapa ao buscar continuidade onde não havia necessidade. A permanência de personagens da primeira temporada – como Cibele (Adriana Esteves), Marcinho (Antônio Haddad) e Wando (Milhem Cortaz) – entrega pouco e, em alguns casos, desperdiça ótimos atores. Adriana, por exemplo, praticamente surge em figuração de luxo, sem função dramática relevante.

Por outro lado, Eduardo Sterblitch, agora como protagonista, tem ótima presença e constrói bem as fragilidades do seu Sérgio. Ao seu lado, Letícia Colin é, sem dúvidas, a melhor aquisição desta nova leva de episódios. Sua Raquel tem conflitos claros, boa condução e entrega consistência a uma temporada que precisa de ancoragem dramática desde cedo.

O roteiro, mais fragmentado do que na temporada anterior, sofre com núcleos que pouco se conectam e se perdem em tramas mal exploradas. Sérgio Guizé aparece deslocado num subplot exageradamente alegórico, enquanto Mariana Nunes, Walderez de Barros e Luís Lobianco são mal aproveitados, com este último ganhando algum destaque apenas nos episódios finais. A decisão de investir tanto tempo no arco de Marcinho, que já era morno na temporada anterior, é curiosa e enfraquece a primeira metade da temporada.

A proposta da antologia continua forte e pertinente, especialmente pelo potencial simbólico dos conflitos vizinhos. Porém, nesta temporada, faltou foco, novidade e um recorte mais enxuto. O saldo artístico é desigual, com momentos potentes que acabam sufocados por escolhas narrativas pouco ousadas.

 

Impressão final

Apesar do elenco competente e bons momentos isolados, a segunda temporada repete fórmulas e se perde em tramas desnecessárias. Uma antologia que poderia arriscar mais.

Os Outros (2ª temporada): 3,0 de 5,0

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