O lançamento de Apaixonada no catálogo da Netflix no Dia dos Namorados parecia uma jogada certeira: tudo indicava a chegada de uma comédia romântica ideal para embalar casais. Só que bastam alguns minutos de filme para perceber que o longa protagonizado por Giovanna Antonelli está bem longe do que promete à primeira vista – e menos ainda do que o marketing dá a entender.
Sinopse
Após se separar de Alfredo (Danton Mello), Bia (Giovanna Antonelli) aproveita o momento em que a filha Júlia (Rayssa Bratillieri) parte para a Argentina para se redescobrir. Em meio a novas amizades, encontros casuais e tentativas de recomeço em sua vida amorosa, ela conhece Pablo (Rodrigo Simas), com quem vive um breve romance. Entre idas e vindas emocionais, viagens inesperadas e reencontros familiares, Bia tenta redefinir seus próprios caminhos, mesmo quando as situações ao redor parecem fugir do controle e da coerência.

A crítica
O longa começa com uma proposta clara e promissora: acompanhar a trajetória de uma mulher madura, recém-divorciada, que se permite novas experiências e se abre para o inesperado. Porém, esse ponto de partida logo se perde em desvios de roteiro mal amarrados. O filme sugere, em vários momentos, o conflito central que deve nortear a história – a escolha entre dois amores, os dilemas da nova fase -, mas joga fora cada desenvolvimento possível, cortando personagens e situações de forma abrupta e inconsequente. O relacionamento de Bia com Pablo, por exemplo, é interrompido sem motivo aparente, e reaparece no roteiro sob circunstâncias desconexas, sem explicação.
O roteiro aposta em reviravoltas superficiais. Viagens e reaproximações surgem do nada, conflitos entre mãe e filha são inseridos sem preparação, subtramas são apresentadas e rapidamente esquecidas. Os personagens coadjuvantes raramente têm tempo ou motivação para crescer. Por fim, a resolução dos dilemas mais importantes acontece apenas nos minutos finais, muitos deles simplesmente apagados ou ignorados. O espectador se vê perdido, sem saber exatamente para quem torcer ou qual é o verdadeiro tema da história. O filme parece querer surpreender ao evitar o óbvio, mas acaba apenas frustrando por falta de consistência.
Apesar disso, podemos registrar alguns pontos positivos. O primeiro ato ainda carrega momentos divertidos e luminosos, com leveza e boas piadas. A direção de arte e a fotografia conferem sofisticação a momentos-chave. É perceptível o cuidado visual, acima da média para o gênero. Giovanna Antonelli segura o protagonismo com charme: convence nas cenas de comédia e também nas passagens mais dramáticas. A participação de Jonas Bloch é breve, mas sensível e bonita, dando um toque especial à reta final.

Impressão final
Apaixonada desperdiça uma boa premissa e esbarra em um roteiro tão disperso quanto as escolhas da protagonista. Ganha pontos pela presença de Giovanna Antonelli e pelo acabamento visual, mas deixa a desejar para quem busca uma comédia romântica com foco e conexão.
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